quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Uma criança mimada chamada Universo.

Sempre agi como se fosse bastante seguro quanto ao que sou, como vivo e, obviamente, ao que eu gosto que as pessoas vejam. Por mais controlador que pareça, prefiro assim.
Entendo que humanos foram feitos para serem descobertos assim como os sentimentos existem, sem dúvidas, para serem sentidos. Amor e amizade nos completam, mas álcool também tem a mesma função. 
Pensando um pouco mais nisso, acredito que o álcool seja igual ao tesão: capaz de te causar um pico de euforia super alto - o tal do êxtase -, mas também pode lhe trazer um arrependimento tão pesado quanto um bloco de concreto. 
Em contrapartida, está o amor. Lento, calmo, vagaroso. É tipo aquela amiga narcisista que só te procura quando tá na fossa: demora DEMAIS pra chegar e demora mais ainda pra ir embora. 

Retomando a linha de pensamento anterior, humanos, amor, amizade, álcool e tesão têm seus propósitos, tá ligado. Ainda nesse grupo, temos os sonhos. Criaturinhas de nosso subconsciente feitas para nos impulsionar e não nos prender em realidades alternativas, fantasiosas. Você não consegue dormir vinte quatro horas a fio justamente porque o universo quer que ce se mexa. O universo quer que ce saia de casa e faça ser real tudo aquilo que tem/faz nos sonhos. Ele é aquela criança chata e mimada que não para de te cutucar com o dedo indicador até que tu faça o que ela deseja. 
"Por favor, tia!".
Cutuca, cutuca, cutuca.
"Vamo lá fora, tio?! Vamo, vamo, vamo!"
Cutuca, cutuca, cutuca.
"Me leva no shopping? Compra um brinquedo? Me dá um pirulito? Me paga um sorvete? EU QUERO AQUELE! ESSE NÃO!"

Ele quer viagens, amores, decepções, saltos de paraquedas, porres, lágrimas, amizades verdadeiras, promoções. Ele quer tesão, suor. Ele quer desejo. Quer te ver cansado de tentar, mas vai enfiar na sua cabeça que ainda não chegou a hora de parar.
O universo quer seu esforço, sua carne, seu sangue e suas lágrimas. E, após tudo isso, quando chegar o ponto que sua mente lhe dirá "eu desisto" ou "pra mim já chega", o filho da puta vai fazer com que algo aconteça e, de forma instantânea, suas energias se renovem.
É, amigo.
E o que dá mais raiva é que esse tal evento sempre é algo mínimo num conceito geral. A merda maior é que ele te conhece tão bem que sabe onde te atingir. Vai te arrancar um sorriso largo, ausente há muito tempo vindo de uma piada idiota de alguém que ce gosta muito. Alguém que surge do nada só pra te fazer sorrir e esquecer de toda a dor que sentiu.
Vai te fazer matar aula, sozinha, sem motivo aparente. Te guiará até aquele bar que ce curte, pra sentar naquela mesma mesa e tomar uma cerveja. Eis que, ao olhar pro lado, você escuta "Ei, posso sentar aqui?". Pronto. Noite completa.
Fará com que pule o muro de uma casa abandonada a fim de tirar umas fotos no jardim dos fundos que ninguém usa. Fará com que ligue pra vários amigos e chame-os pra colar no parque pra ver o pôr-do-sol. Com muita sorte, dois aceitarão mas, mesmo assim, serão as melhores risadas que já deu em toda vida.
Vai te fazer acordar às cinco da matina numa quinta-feira, pegar o carro ou o buso (whatever), e partir pra praia só pra ter algumas horas de paz ouvindo nada mais que o bom e velho mar. Sem fones de ouvido, sem notificações no celular. Só vocês.
Não vai deixar que seus dias terminem com assuntos a serem resolvidos. Fará com que se sinta um idiota por fazer ligações tarde da noite ou por entrar em discussões sem sentido.
Vai te fazer ser viciada em gostos, cheiros, resultados e sucesso.

Vai falar contigo enquanto dorme. E enquanto fala não te deixará ter sono. Sem sono, você procurará algo pra resolver que, por sua vez, gerará um diálogo há muito necessário. Eis que o medo vai te abandonar.
Aí sim, e só agora, estará apto a lidar com a sua criança mimada. Aprender, finalmente a controlar o teu universo e ajudar a manter longe do caos aquele presente nas pessoas com quem tu se importa.

Mágico, não?
É sim.