Depois de muito tempo prestando atenção nas pessoas com as quais eu convivi e convivo, reparei que todos vocês são movidos por mim.
Na minha forma egoísta, inocente, sincera, dolorida e até mesmo possessiva.
Vocês, que dizem não me conhecer, que não existo pelo simples fato de não me terem visto na rua, na internet, em fotos ou bater a sua porta. Tocar seu interfone.
Eu existo e vocês estão inquestionavelmente errados.
Eu estive ao lado dos seus pais quando receberam a notícia da sua existência. Estive no momento em que veio ao mundo e em todos os seus momentos junto a eles: nas repreensões; nas broncas por culpa daquela maldita nota baixa; nos puxões de orelha.
Sempre estive presente.
Nos seus gritos de vitória quando foi aceito naquele emprego sensacional que você tanto queria. Eu sei bem no que você pensava quando passou pelo processo.
Quando você gritou, torceu e se emocionou com a taça do campeonato que seu time ganhou.
No abraço que concede aos seus amigos nos momentos difíceis, assim como nos momentos bons.
Quando aquela mulher linda pegou na sua mão, eu corri pela sua espinha, cheguei ao seus sentidos e fiz as suas mãos ''se moverem sozinhas'' - como você mesmo contou pro seu amigo ainda ontem - até a cintura dela afim de puxá-la contra si. Fiz suas mãos tremerem quando a pediu em namoro e também foi culpa minha todas aquelas noites mal-dormidas que ce teve quando ela não atendia às suas ligações e não respondia seus SMSs. Diria que você e eu agimos em conjunto nessa parte.
Entenda que quando a reconciliação finalmente vinha, fui o responsável por deixar o momento ainda mais foda. Ainda mais intenso. Ainda melhor.
As idéias de um pedido de casamento mirabolante e cheio daquelas coisas que ela tanto ama que você fez questão de dar a si próprio os créditos... Lembra? Tsc, tsc, tsc...
Estive presente em seus votos, na sua saída da festa e na sua entrada em casa pela primeira vez como homem casa.
Me dou ao luxo de receber todos os créditos referentes as lágrimas que vocês derrubaram na sala de parto ao ver aquele anjo chegando.
Também foi culpa minha aqueles círculos intermináveis - confesso que essa é a melhor parte hahaha - que você fez na sala de espera do hospital só pra poder dar mais uma olhada marota no seu bebê.
Eu estou presente no efeito maravilhoso que aquela gargalhada do seu filho lhe causa. Naquele riso frouxo que fica nos seus lábios quando ele te chama de ''papai''.
Ainda acha que não me conhece?
Pois me apresento. De bom grado.
Meu nome é Amor.