Faz parte da nossa natureza suprir determinados vazios com algo. Com alguém. Mesmo que isso, muitas vezes, não seja póssível, tentamos anyway.
Pois é.
Uns bebem pra amenizar a tristeza e/ou esquecê-la. Outros acendem um cigarro pra diminuir a ansiedade. Tem aqueles que pagam por companhia pra suprir a saudade bem como tem quem arrume um alguém com um papo legal pra tentar superar um amor. Às vezes, o simples derruba o complicado. E tem quem diga que o complicado é até legal por um tempo.
Ele é aventureiro, diferente. Ele causa aquela sensação de adrenalina que nos faz sorrir de forma involuntária, que nos causa formigamento nas mãos, que deixa as pernas dormentes e entregues. Que nos faz viciar como se fosse algum tipo de droga ilícita.
Como toda droga, ele nos causa um bem psíquico gigantesco mas, ainda como toda droga, o efeito, uma hora, passa.
Ah, passa.
Dessa forma, nos vemos obrigados a buscar por concreticidade. Por certeza e solidez. E essa busca assemelha-se à reabilitação.
Você tem um vício dentro de si implorando pra sair. Um vício que vai te assolar sempre que mantiver qualquer tipo de contato com a causa dele. A proximidade será prejudicial; ter notícias será tóxico; ver ou ouvir falar vai te fazer torturar-se e chorar debaixo do chuveiro dia sim, dia não.
Então, me diz, o que fazer?
Fugir? Distanciar-se? Acabar com qualquer possibilidade de contato?
Não. Eu discordo.
A melhor maneira de lutar contra algo que te faz mal, é sentindo-o. É acostumando-se com essa agonia que ele te traz, que ele te faz passar. Ver e ouvir, firme. Aguentar a presença. Aguentar os impulsos. Aprender a lidar.
Vai doer? Vai.
Vai machucar? Vai.
Mas uma hora, vai passar.
Primeiro, acostuma-se.
Depois, não tratamos aquele incômodo como dor.
Por fim, ela deixa de incomodar.
É o ciclo da vida.
Tudo vem e vai. As pessoas vêm e vão. Você vem e vai.
Não somos capazes de ficar sempre presentes então não pensemos que os outros o são.
Uma hora, seu maço de cigarros vai acabar.
Uma hora, sua garrafa vai secar.
Uma hora, seu peito vai esvaziar assim como a fumaça que solta após uma tragada. Ela se vai deixando pra trás somente o suficiente para que você, lá na frente, lembre-se desse momento quando for subir uma escada. Ela se vai, mas vai deixar as marcas dentro do seu corpo.
E isso, por acaso, significa que não deveria ter fumado? Significa que nunca fez sentido?
Jamais.
Fez sentido. Muito. E vai continuar fazendo.
Foi bom, admita. Foi maravilhoso. Foi lindo.
Assim como a fumaça, humanos ficam dentro de nós pra sempre. Pode parecer que, ao expirar, eles tenham nos abandonado. No entanto, a verdade é que nunca estivemos tão enganados.
No futuro, lembraremos o quanto aquela sensação foi boa.
Mas foi.
Agora pare de sentir falta de quem não sente falta de você.
(#nowplaying Foster the People - Are you what you want to be?)