quarta-feira, 22 de junho de 2016

Mente.

A gente precisa aprender a conviver com nossas decisões e os efeitos que elas causam nos envolvidos de forma direta e indireta.Temos que aprender a lidar com o peso das coisas que a gente escolhe fazer ou não fazer.
A verdade é que as pessoas se dão o tanto quanto estão acostumadas. Nada mais.

É difícil pra alguém que leva uma vida sempre envolvendo-se ao máximo em todos os relacionamentos, do nada, ver-se obrigada a não se dar demais. Pra ela, isso é uma tortura.
O mesmo ocorre com o contrário.
Alguém que não "cai de cabeça" na vida do outro, alguém que trata tudo superficialmente, que relacionamento é "um título", algo que serve só pra chamar de namorada(o), ir no cinema, apresentar pros pais, dar uma ou duas transadas por semana. Esse sim vai entrar em pânico quando se ver em algo mais profundo. Em algo que ENTRA NA MENTE mesmo. Que decifra a gente de dentro pra fora.
Gente que tá acostumada com o bom, velho e conveniente "de fora pra dentro" sofre MUITO pra entender a imensidão do ser humano.

Eu sei que é como se eu estivesse dialogando sozinho - sim, um texto trata-se exatamente disso - e vocês estivessem preocupados demais em sorrir pra mim e dizer que tá tudo bem.

Não é isso que eu quero.

Espelhos.

Imagine se os espelhos mostrassem as pessoas como elas são por dentro. Imagine se, ao invés dessa visão pífia e superficial, eles mostrassem a verdadeira essência do ser humano.
Salários gastos com nutricionistas aproveitadores, dietas absurdas, chás milagrosos, quilos de maquiagem. Cartões estourados devido a compras em demasia, vestuário coberto de marcas de nome enquanto o seu, que vale muito mais que o de todos esses logos, está desvalorizado e ninguém mais lhe cede confiança - leia "crédito". Aí vem os consignados, cheque especial e sua vida vira uma bola de neve na qual você vai passar os próximos dez anos, no mínimo, rezando pra que ela encontre um muro e, enfim, deixe de existir.
Tudo isso porque, um dia, olhou-se no maldito espelho e decidiu que estava gordo(a); magro(a) demais; que "não tinha roupas". Concluiu que seus seios são desproporcionais; que tem uma marca de nascença que incomoda.
A verdade é que vivemos num habitat onde existem padrões de beleza e, pra grande maioria dos nativos, se ce tá fora dele, não é interessante. Tu não é atraente.
Convido-os a parar um minuto e questionarem-se: quando foi que você se tornou esse lixo? Que prefere apontar o dedo e dizer como as pessoas devem ser ou se comportar? Os lugares que devem frequentar ou as pessoas que devem ter à sua volta? Quando foi que a superfície passou a ser mais interessante que o esplendor e toda a diversidade de vida existente no fundo do mar?
Ah, como seria mágico se nossos reflexos nos mostrassem como somos por dentro.
Imagine a modelo de corpo escultural e barriga trincada que maltrata a empregada, ao deparar-se com sua imagem, vendo algo parecido com uma carranca.
E imagine como se sentiria aquele cara tímido, de alma calejada após tanta gozação sofrida no ensino médio, mas que se chamá-lo pra uma conversa, se apaixonaria pelo ser humano puro, cheio de conhecimento a compartilhar e nem um pouco arrogante.
Precisamos parar de afastar as pessoas, gente. Esse negócio tá muito fora de moda.

É, vou falar assim: fora de moda.

Quem sabe se usar de um termo fútil - assim como Vossas Senhorias são - consigo fazer com que entendam a merda na qual estão envolvidas.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Hoje.

Acho que chega um momento, pra todo mundo, em que muitas coisas passam a ficar, digamos, menos interessantes. Tediosas, talvez, mas gosto de pensar que o interesse meio que se esvai. Sei lá.
Maturidade é uma palavra que pode ou não se aplicar à essa questão. Acredito que seja mais algo relacionado ao seu estado de espírito, prioridades, obrigações.
O fato maior é que acabamos, mesmo sem querer, julgando mal aqueles que praticam aquilo que não vemos mais como relevante. Pura hipocrisia, eu sei.
Veja, prefiro, hoje, mil vezes sentar de frente a uma pessoa e dissertar sobre o assunto que for: futebol, estrelas, universo, livros, amizade, amor; gosto de ter os olhos do outro nos meus enquanto o escuto e vice-versa.
Encaro isso como algo positivo em uma época na qual é super comum perdermos o costume do estranho contato visual. Da relação interpessoal em si. Estamos acostumados a ver casais preocupados com suas postagens mesmo quando frente a frente em um restaurante x. Algo que, por padrão, deveria ser um momento a dois, é comum se tornar um momento " a centenas". Nossos olhos estão habituados às telas, mas não mais aos rostos. Tanto que se olhamos demais pra alguém, este mesmo encara o ato como algo ofensivo ou digno de intimidação.
Hoje, os sentimentos estão nos emoticons; o divertido está nas risadas digitadas e o tédio nos áudios gravados.
Desaprendemos a fazer telefonemas pois a voz de outrem é tediosa demais para se escutar por mais de trinta segundos. "Vou mandar uma mensagem pra ele (a)" se tornou o nosso script na vida.
As memórias do nosso cérebro não mais bastam. Elas precisam ser estimuladas por likes, compartilhamentos e marcações. Precisamos ser estimulados virtualmente pra chegarmos perto de sentir menos que o nada.
"É a evolução", você dirá.
Mas essa palavra é usada quando algo muda pra melhor, não?
Estamos usando-a em um momento claro de retrocesso.
Sei lá.
Sei que estou sendo hipócrita. Também sou usuário de tudo isso diariamente. É que me peguei pensando nessas coisas e me fizeram muito sentido.

Sabe, sempre que eu puder, vou passar a requisitar a presença dos meus. Aqueles que eu sinto falta, que quero por perto. Às vezes, os dias nos levam pelos caminhos mais fáceis, mas eu aprendi que os mais difíceis são os mais compensadores.

Tenta você também.