sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
A maior missão do mundo
Isso é uma lástima.
Eu mesmo conheço mães sensacionais que jamais precisaram de um homem na criação de seus respectivos filhos e filhas mas, mesmo assim, é uma puta duma lástima obrigar uma mulher a assumir todas as responsabilidades de ser mãe, pai, avó, avô. É uma merda pra criança também porque ela cresce, às vezes, mais insegura e até meio agressiva no que pode vir a falar ou fazer justamente porque o mundo vai obrigá-la a pensar que é diferente por não ter um pai ali ao seu lado.
E por último, é uma lástima FUDIDA pro pai. Porque ele não sabe o que ele perdeu. Não sabe o que perde.
Cada cara que abandona uma mulher grávida não sabe o que tá perdendo.
Sinceramente, eu posso te dizer o que é ter um filho de forma simples: é a melhor coisa do mundo.
Meu filho chama Yuri.
E todos os dias nos quais eu acordo com ele pulando em cima de mim e dizendo "papai" é como se o sol estivesse do meu lado. Me aquecendo, me animando.
Cada abraço de uma criança te economiza uns temers com psicólogo/psiquiatra lá na frente.
Cada vez que ando com ele de mãos dadas pela rua e ele me conta vááááárias histórias, sinto-me o homem mais sortudo do mundo. E é justamente isso que esses manos perdem quando abandonam as mulheres.
Histórias, aventuras, brincadeiras e sorrisos pra caralho.
Eu escolhi participar da maior missão do ser humano: criar uma outra pessoa. Criar uma criança, um outro ser humano.
É bom ser pai. É sensacional.
E não tem um dia que eu não agradeça a seja lá quem for por ter me feito capaz.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Dezoito anos already.
Esses dias ce tem me feito muita falta, sabe? Por mais que pareça estúpido... sei lá. Mesmo após dezoito anos, eu ainda sinto a sua falta, e muito.
Nunca tive - classificarei dessa forma - a audácia de escrever sobre você. A verdade disso? Desconheço. Talvez seja medo de chorar enquanto digito ou talvez, mesmo após toda essa caralhada de anos, eu ainda não tenha superado.
Ok, vão dizer: "NOSSA mas você tinha nove anos, não tem como lembrar de nada".
Engano seu.
Me diz: como você esquece um cara que não tinha vínculo algum com a sua mãe, mas a tratava como filha? Fosse diante dos seus olhos, fosse diante dos filhos dele. Fosse onde fosse.
Aguardava ansiosamente a hora que ele chegava do trabalho. Me escondia atrás do braço do sofá da casa dele toda vez no intuito de assustá-lo (como se ele já não soubesse de onde eu iria surgir, afinal, o ritual era repetido todos os dias). Ele sempre tomava aquele susto super encenado, mas me acabava de rir. Enfiava a mão em um dos bolsos e distribuía chicletes para meus primos, pra minha irmã e pra mim. Sempre igualmente. Após isso, ele ia em todas as casas ver como todos estavam. Checar se seus três filhos - meu pai, e duas tias - estavam ok.
Amava o jeito que ele conversava manso, voz grave e decidida. Sincera. Verdadeira.
Sua postura era a mesma em qualquer lugar. Desde casa até a mesa de bar.
Durante muitos anos, ele era o único adulto que ia na minha casa para ver e passar horas conversando com minha mãe. Sentava no sofá, tomava um café e ficava ali, de calça social, sapato preto, as pernas cruzadas e um cigarro pendendo de um canto da boca. Um verdadeiro gentleman de sua época.
Eu amava aquela sensação de olhar nos olhos dele e ver a iminente retribuição. Ver a maneira como lia a minha alma e sabia tudo o que eu sentia e pensava.
Confesso que não senti a sua perda de pronto. Na verdade, fui senti-la só uns anos depois quando a diferença de tratamento para com minha mãe, minha irmã e eu se tornou visível. Quase palpável, diria.
Ninguém gosta de admitir que é preconceituoso, eu sei. Mas enfim. Isso é assunto pra outro momento.
Perceber que o tive por tão pouco tempo é uma das maiores dores que já senti. Sério.
Sabe, fico pensando: será que você teria orgulho de mim? Do que me tornei? Provavelmente ficaria bem puto por descobrir meu vício em nicotina, mas sei que seria uma ótima companhia para uma cerveja.
Gostaria de que você conhecesse meu filho. Queria saber o que você iria achar da minha vida, das minhas escolhas...
Às vezes, quando ando em meio uma puta multidão, confesso que espero ver o seu rosto.
Caralho, vô, sinto demais a sua falta. Muito mesmo.
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
Uma criança mimada chamada Universo.
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Te desafio.
É tão bosta deixar claro o que se sente?
Você vai ser menos humano se disser que ama alguém?
Por que, pra nós, é tão difícil admitir um sentimento considerado bom globalmente? Um sentimento que, nos filmes, nas novelas e nos livros, completa as pessoas, muda vidas e constrói finais felizes.
Por que é mais fácil se esconder atrás de letras digitadas e indiferença mascarada?
Diz pra mim: POR QUE É TÃO DIFÍCIL?
Melhor seria cagar regra;
Fala que prefere beber todas assistindo Netflix na sua sala solitária.
Fala que é melhor fumar 20 maços de cigarro num quarto fechado, cheirar a nicotina 60 dias enquanto enche o rabo de catuaba de açaí do que sentar numa calçada e fazer o mesmo acompanhado.
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Tempo.
Sabe mas não vive.
Vai viver, humana.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Mente.
A verdade é que as pessoas se dão o tanto quanto estão acostumadas. Nada mais.
É difícil pra alguém que leva uma vida sempre envolvendo-se ao máximo em todos os relacionamentos, do nada, ver-se obrigada a não se dar demais. Pra ela, isso é uma tortura.
O mesmo ocorre com o contrário.
Alguém que não "cai de cabeça" na vida do outro, alguém que trata tudo superficialmente, que relacionamento é "um título", algo que serve só pra chamar de namorada(o), ir no cinema, apresentar pros pais, dar uma ou duas transadas por semana. Esse sim vai entrar em pânico quando se ver em algo mais profundo. Em algo que ENTRA NA MENTE mesmo. Que decifra a gente de dentro pra fora.
Gente que tá acostumada com o bom, velho e conveniente "de fora pra dentro" sofre MUITO pra entender a imensidão do ser humano.
Eu sei que é como se eu estivesse dialogando sozinho - sim, um texto trata-se exatamente disso - e vocês estivessem preocupados demais em sorrir pra mim e dizer que tá tudo bem.
Não é isso que eu quero.
Espelhos.
Salários gastos com nutricionistas aproveitadores, dietas absurdas, chás milagrosos, quilos de maquiagem. Cartões estourados devido a compras em demasia, vestuário coberto de marcas de nome enquanto o seu, que vale muito mais que o de todos esses logos, está desvalorizado e ninguém mais lhe cede confiança - leia "crédito". Aí vem os consignados, cheque especial e sua vida vira uma bola de neve na qual você vai passar os próximos dez anos, no mínimo, rezando pra que ela encontre um muro e, enfim, deixe de existir.
Tudo isso porque, um dia, olhou-se no maldito espelho e decidiu que estava gordo(a); magro(a) demais; que "não tinha roupas". Concluiu que seus seios são desproporcionais; que tem uma marca de nascença que incomoda.
A verdade é que vivemos num habitat onde existem padrões de beleza e, pra grande maioria dos nativos, se ce tá fora dele, não é interessante. Tu não é atraente.
Convido-os a parar um minuto e questionarem-se: quando foi que você se tornou esse lixo? Que prefere apontar o dedo e dizer como as pessoas devem ser ou se comportar? Os lugares que devem frequentar ou as pessoas que devem ter à sua volta? Quando foi que a superfície passou a ser mais interessante que o esplendor e toda a diversidade de vida existente no fundo do mar?
Ah, como seria mágico se nossos reflexos nos mostrassem como somos por dentro.
Imagine a modelo de corpo escultural e barriga trincada que maltrata a empregada, ao deparar-se com sua imagem, vendo algo parecido com uma carranca.
E imagine como se sentiria aquele cara tímido, de alma calejada após tanta gozação sofrida no ensino médio, mas que se chamá-lo pra uma conversa, se apaixonaria pelo ser humano puro, cheio de conhecimento a compartilhar e nem um pouco arrogante.
Precisamos parar de afastar as pessoas, gente. Esse negócio tá muito fora de moda.
É, vou falar assim: fora de moda.
Quem sabe se usar de um termo fútil - assim como Vossas Senhorias são - consigo fazer com que entendam a merda na qual estão envolvidas.