sábado, 24 de abril de 2021

Sinto sua falta, mas sentiria muito mais a minha.

Olha, depois que você sumiu, vou te dizer que julgo até estar indo bem por aqui. As coisas tão andando. Mudei de emprego, passei da experiência, me sinto realizado profissionalmente por mais difícil que seja  adentrar em um ambiente que, por mais maravilhoso que seja, é desafiador na mesma proporção. Outra língua 24/7, falar com várias pessoas todos os dias, reunião atrás de reunião. Mas, cara, vou te falar que nunca estive tão feliz. Sinto que posso fazer alguma coisa pra ser mais do que sou. Que posso explorar as oportunidades que me deram. E, claro, agradecer a confiança que depositaram em mim.


Foda que tu desapareceu antes. Queria poder te contar isso.

Não posso.

Na real, não quero.


Vou mudar pra um apartamento maior, não tô tendo (ainda) aperto de grana, meu filho tá crescendo, ajudo quem eu posso e me arrependo de não ter visto minha afilhada/sobrinha mais que uma vez. Isso porque ela já nasceu tem dois meses.

A vi uma vez.

Maldito micróbio aí fora. 


Ela tava dormindo. Linda, maravilhosa. 

Ce deveria ver.

É a cara da Gab.


Me veio aqui agora que, se for por na caneta, a vi mais que te vi nos últimos anos. E olha que fomos parte da vida um do outro por mais de duas décadas.

Consideração que deveria chamar?

É. Talvez.

Tem umas cenas que te trazem à mente, tá ligado? Todos os dias.

Falar com o Yuri já é um gatilho pra que você apareça. Falar com a minha irmã, ouvir um samba, assistir jogo do São Paulo, comer amendoim, tomar cerveja. Até fazer sopa daquelas aguada horrível que você fazia.


Penso se eu deveria ter ficado. Se eu não tivesse metido o pé de casa, será que eu seria mais seu filho pra você? Será que ce ainda ia me tratar como quando eu era moleque? Que eu era foda, que eu era "o cara".

Por que eu não sou mais? O que eu fiz?

Não sei, pai.


Tem dia que eu te odeio por ter dado as costas pra mim. Por simplesmente fingir que não existo. Só que, aqui, existe um puta paradoxo: sinto sua falta, mas, vou te falar que sentiria muito mais a de quem eu sou hoje sem você.


sábado, 20 de fevereiro de 2021

Num contexto geral, sepá discordei da Marília Mendonça.

Sempre que ouço falar de algo como "ter superado alguém", me pego pensando nessa frase. É como se geral lançasse um "tá vendo? Superei. Não tô mais mal e agora tô melhor que beltranx muahaha"

Mas gente, calma lá. Desde quando relacionamento - mesmo que terminado - é (ou foi) competição?

Porra, superar tu superas teu adversário num octógono de MMA. Numa entrevista de emprego - porque, querendo ou não, mundo corporativo é sanguinário tipo guerra - onde tu pega a vaga e o outro não.  Ao vencer, no 11 contra 11, numa partida de futebol ou quando se dribla o goleiro. Quando você corre mais e chega em primeiro.

Te garanto que Serena Williams não se tornou a número 1 do mundo por conta de término de relacionamento. O nome disso é treino.

É outra parada.


Amor não é isso aí, não.


Tenho pra mim, que quando um relacionamento acaba, ele te dá duas réguas: Primeira: tudo aquilo que foi bom, você ama e não se permitirá viver nada inferior ou em menor intensidade; e segunda: tudo aquilo que você jamais quer reviver e passa a não mais aceitar nem morta.

Junto a um novo alguém, você se conhecerá melhor. Saberá o que te faz mal e como você fica sob milhares de circunstâncias. Momentos que você não quer sequer se imaginar passando por. Não de novo. 

Por outro lado, tu te pega sorrindo quando lembra do dia A ou B e que como seria legal estar em determinado lugar com alguém que, nos dias C ou D, não te fez chorar duas horas antes ou o fará uma hora depois.

Né não?


Agora, me fala aí. Onde, o quê ou quem você tá superando?

Não tá superando nada, caralho.

Ce tá tornando uma experiência de vida NECESSÁRIA em meio que uma vacina pra, quando outro corpo alheio chegar, estar preparada pra lidar com possíveis sintomas e já ter desenhado o esboço de reflexo pra qualquer merda que vier a acontecer, entende? É como se você não precisasse mais esperar o calafrio pra tomar o antigripal. 

Ce aprendeu a se cuidar antes mesmo do calafrio chegar e não o teria feito sem aquilo que ce diz superar.


Amor não é jogo, minha camaradagem. Jogo é simples, tem regras e ce pode treinar pra ser melhor porque essas mesmas nunca vão mudar.

Ser humano é complexo, imenso, volátil e único.


Tem nada a ver o cu com as calça.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Esse negócio de vacina.

 Mermão, sério, eu tô muito puto. EU NÃO TÔ ACREDITANDO NESSA CONVERSA DE VACINA DE VOCÊS!

Fala pra mim: desde quando ceis querem saber de onde vem vacina, contrato de vacina, paleta de cores de vacina,  RG e CPF da vacina, orientação sexual da vacina? Tu SEMPRE se vacinou sem saber nada disso, rapa! Agora tá no meio de uma caralha de pandemia, tá metendo esse loco por causa de política?

Isso não é coisa de pobre, hein? Porque o pobre adora tomar vacina no SUS. Ele vai na fila, faz uma social. E também não é coisa de rico porque ele vai no particular e compra por uns dez mil. AGORA A CLASSE MÉDIA... essa só faz merda. Se droga de manhã até de noite sem saber o que tá tomando! Toma viagra, rivotril, ritalina, "AH MAS A VACHINA VAI MEXER NO MEU DNA", o que mexe na porra do teu DNA são essas merda que ce fala! AAAAAAAAAAAAAA

Se eu tomar a vacina e nascer outro braço em mim, eu volto no posto e toma outra dose no meu braço que nasceu. PARA! Ceis tomam caipirinha na rua com o cara que mexe o gelo com o dedo tudo sujo, cagado. Já comeram também aquele sorvete de maria-mole que vem com uma bexiga na ponta, ceis comem torcida sabor camarão com cerveja que eu tô ligado, comem pirulito de pózinho. Os mai velho então - se não morreram com bala soft - tão com medo de vacina?

Bebem aquela vodka vagabunda só porque a garrafa pisca. QUER QUE BOTE UM PISCA-PISCA NA VACINA PRA VOCÊ TOMAR? Desgraça

Come x-tudo na rua, aquele cachorro quente que a mostarda tá no pote faz 5 ano e tu olha pro pote e parece a via láctea.

E que se foda quem votou em quem? Não quero mais saber também porque tá O MUNDO TODO tomando. Estados Unidos, México, Oman... OMAN! Lembra do Oman do War? Então. Tá vacinando.

Tô nem aí se o Bolsonaro vai tomar vacina ou não. Eu quero é que ele tome vergonha naquela cara descascada dele e resolva logo essa situação.

domingo, 15 de novembro de 2020

Perdi. Mas, olha... ganhei.

Durante a vida toda, tive milhares de motivos pra me julgar uma pessoa autossuficiente. Alguém que não precisava de ninguém. Alguém que desdenhava e fazia pouco de quaisquer companhias.

Julgava ter dois focos. 
Aí a vida adulta chegou e me deu mais dois.
Há quem diz (eu), que tô querendo o quinto.

"O isolamento me fudeu", falei pra mim. Ela acabou com o psicológico forte que julgava ter e fragilizou aquele eu que tinha real certeza que tava mais que consolidado.

Não sou feliz sozinho. 
Não sou eu sozinho. 

Sempre disse que pessoas são passageiras e sempre preguei que era maduro o suficiente pra dizer que tô ligado que ceis vão aparecer e sumir um dia.
Sabia disso.
Sabia que ceis não iam ficar aqui pra sempre.
Só que a solidão bateu. E mesmo acompanhado, ela continuava a me socar na cara.
Sem dó.
Afinal, ela não calcula se tu tem direito à cota. Seja tu preto, branco, azul, amarelo ou vermelho, ela bate da mesma forma.

Tive raiva. Quis surtar. Quis brigar. Quis discutir.
Perdi amizades antigas, reneguei novas, decepcionei várias e fui decepcionado por óbvio.
Fui atrás de quem sumiu por minha culpa e me culpei por quem ainda tava aqui sendo que deveria ter sumido.

Tô aprendendo a mudar antigos pragmatismos, aprendendo a ter mais paciência, aprendendo a desenvolver algo que eu possa acreditar, aprendendo a votar.

Hoje eu sei as ações que jamais repetirei, as palavras que não mais direi, as broncas que não mais darei, aqueles com quem não mais beberei, os stories que não verei, as ideias que não perpetuarei, os perfis que não seguirei, as notícias que não compartilharei e, com certeza, aqueles que nunca mais acompanharei.

O isolamento me tirou coisa pra caralho, mas me deu muito mais.

Se você tá se achando um pau no cu, um antissocial, um bosta, saiba que, por aí, sempre tem alguém na mesma que você buscando entendimento e disposto a melhorar ou, quiçá, achar alguma coisa de bom nesse caos que tá lá fora bem como nesse desastre que tu chama de mente.

Eu sou um deles.

domingo, 18 de outubro de 2020

Dona Sandra, comprei uma TV no débito.

Se você achou que isso aqui era pra falar de conquista monetária e/ou material, peço que meta o pé.

Hoje comprei uma TV no débito.

Mas a minha TV no débito, na real, foi ser capaz de ensinar  valor da grana pro meu moleque. Foi ser capaz de deixar ele passar uma semana com o avô sem que eu ligasse de um em um minuto. 

Foi não falar de dinheiro por dois dias.

Minha TV no débito foi ser capaz de comparecer numas reuniões do trampo enquanto cozinhava e dava atenção pras aulas online do meu filho (coisa que muita mãe faz por aí). Foi jogar Banco Imobiliário com ele, ganhar, e não me sentir vitorioso porque o intuito era ensinar o valor da grana.

Minha TV no débito foi dar atenção pra aquela amiga no relacionamento abusivo que percebi. Pra aquele amigo com depressão que dei atenção. Pra aquela amiga que tá pra ser mãe que eu fui ver. Pra criança que serei tio que vi a barriga.

Minha TV no débito foi ver um moleque colar na minha porta pra chamar meu filho pra brincar. Foi ver o gato dar a barriga pra um carinho quando entrei no meu apartamento, sentindo minha falta. Foi trocar a torneira do banheiro que tava vazando.

Minha TV no débito foi acompanhar a live do parceiro músico que segue tentanto galgar seu espaço. Foi colar num ao vivo às 3 da manha só pra dar um salve. Foi postar um curso concluído no Linkdin. Foi falar pro meu chefe que "isso tá errado".

Minha TV no débito foi aconselhar a ex-namorada dizendo que era furada o relacionamento novo e encorajando um outro. Foi acreditar nas pessoas mesmo não conhecendo e, somente e unicamente, achando que elas a fariam um bem que eu não fui capaz de fazer.

Minha TV no débido é poder falar que nunca foi sobre grana, foi sobre pessoas.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

REGULAMENTAR AS REDES SOCIAIS = CENSURA!

Iniciemos assim: regulamentação não significa dizer que vai ter uma pessoa do Governo dentro do Facebook. Não é isso.

Regulamentação se trata de fundar as bases da regra do jogo. E isso, convenhamos, ficou a “deus dará” por conta da velocidade ao que tudo se deu.

Vamo fazer aqui um exercício bastante didático. Vamo falar de distribuição de água.

As redes sociais, hoje, se enxergam como uma empresa que construiu uma tubulação de água que visa abastecer todas as cidades. Tenha pra si, nessa analogia, que os usuários, jornalistas e todos aqueles que fazem uso das plataformas componham a empresa que envia a água.

Sendo assim, o deles discurso é o seguinte: “se a água chega podre na sua casa, não é responsabilidade minha. É da empresa que a fornece. Eu só estou fornecendo a tubulação. Eu sou só o meio, só o veículo. Eu não produzo nada”.

Ok.

Só que a tubulação, em uma bela medida, está enferrujada. Podre. E, consequentemente, isso atinge a água que as cidades consomem. Eles estão contaminando a caralha da água.

Trazendo pro contexto das redes, o algoritmo contribui com a mencionada contaminação. Tu não recebe tudo que as páginas que assina produzem, mas sim aquilo que uma fórmula matemática joga na tua timeline, certo? Sabemos disso. Sendo assim, concorda que não seria absurdo concluir que, se eles estão escolhendo, eles estão editando. Se eles estão editando, eles são publishers, editores. Se eles são aqueles que determinam o que ce tem de ler, isso os responsabiliz, ué.

Caralho.

A empresa fornecedora é responsável quando ela permite que agentes externos – produtores de fake news, fontes de financiamento desconhecidas, sem responsabilidade civil, jurídica. Pessoas que não se tem como localizar e cometem, diariamente, calúnias, difamações, ameaças, agressões – penetrem a tubulação e afetem a qualidade da água!

É SIMPLES DE ENTENDER!

O foda é que a gente tá lidando com Google, Facebook, Amazon e tal. ELES SÃO AS NOVAS COMPANHIAS DE PETRÓLEO, irmão! Eles são os detentores do poder REAL, não um poder abstrato. Esses caras são capazes – por ação ou por inércia, por ignorância ou por fechar um olho porque faz bem pros negócios – interferir em brexit, eleições, promover linchamento de pessoas na rua.


REGULAMENTAÇÃO NÃO É CENSURA! É compartilhamento de responsabilidade.


terça-feira, 21 de julho de 2020

A verdade é que você não é tão adorado assim.

Depois de vários momentos de reflexão, abuso de álcool, nicotina, pouco sono e pensamento autocrítico que venho tendo durante essa quarentena - completando, hoje, exatamente, 125 dias de isolamento -, concluí que acumulei algumas decepções no lado pessoal, profissional. Dito isso, consegui levantar três pontos que, talvez, role uma identificação com alguns.

Primeiro ponto: cada vez menos sou capaz de conviver com pessoas que não me acrescentam absolutamente nada. Parece que, a cada dia, rola uma percepção de onde e pra quem devo direcionar o meu carinho, minha atenção. O meu melhor lado, diria, somada à percepção de como a vida afasta, naturalmente, os serumaninhos que julgamos não trilharem o mesmo caminho que a gente.
Não to falando nem financeiramente, corporativamente. Tô falando de ideais de vida mesmo, tá ligado?Conceitos.
Essa tal de vida aí, naturalmente, te afasta de A ou B se tu te permitires enxergar tudo isso. Aposto, inclusive, que ce tem pouquíssimas pessoas que trilham estes mesmos caminhos mas, mesmo assim - e ilusóriamente -, tu mantém outras tantas que não querem o seu bem. Sem querer, estamos presos nessa caralha aí.
Vim aqui pra te dizer que se libertar disso é, olha, sensacional.

O segundo é que, cada dia, é daora DEMAIS se importar menos com a opinião destes que elenquei no primeiro ponto. Eles dizem "faça isso", "faça aquilo", mas tu nunca sequer viu este mesmo seguindo seus prórpios conselhos. Essa galera fala somente por falar e quanto mais você os ouve, mais ce se confunde, se atrasa. Às vezes o mano, no dia seguinte, já até esqueceu o que te falou e você que fica lá, todo fudido, martelando a ideia por dias à fio.
A cara é não aceitar crítica construtiva de quem não construiu nada.

A terceira coisa é: não enumere amigos em momentos de empolgação sendo que é só na merda que tu sabe quem é que tá contigo real.
É só na lama que ce vai perceber e entender quem realmente gosta de você. E são poucas pessoas.
Chega um certo momento que tapinha nas costas não convence mais, palavras bonitas também não e tu percebe que não és tão adorado assim, tá?