Primeiramente, gostaria de deixar claro que não fui eu quem escreveu isso.
Foi uma amiga minha com a qual tenho 14 anos de amizade e, recentemente, - uns 2 anos e pouco depois da última vez - nos reencontramos. Momento esse, inclusive, que ela me falou sobre tudo isso enquanto almoçávamos e eu quase misturei feijoada com lágrima.
Hoje, resolveu contar à todos sobre.
Ah, você pode encontrar a foto bem como o texto aqui.
Peace
"Estava lendo um texto que gosto, hoje, e li a frase: 'Há que olhar nos olhos dos sentimentos insolúveis e sorrir...' Reservada que sou, posto tanto quanto conto de fato minha vida à amigos. Mas sinto que não estou me expondo, não dessa vez. E não quero e menos ainda preciso de quaisquer comentários de pena, isso tudo é um processo, onde eu vejo muita beleza.
Há anos sentia descontentamento em vários aspectos da minha vida, procurei a primeira terapia, e me ajudou muito e me acalmou, por momento, para o que eu estava pronta pra enxergar. Busquei muitas mudanças depois disso, mudei atitudes, mudei de casa, comecei a me buscar... a olhar pela primeira vez só pra mim e aos meus conflitos e sombras, e quem já o fez, sabe como é doloroso. Com toda essa interiorização somado há alguns fatos da vida que me deram um susto bem grande, como no dia da foto, eu cai. Entrei em depressão, tive crises de ansiedade, de pânico. Fiquei bem desorientada, sem entender tudo que estava acontecendo.
Quando de fato entendi o que estava acontecendo comigo, e aceitei (o que foi uma luta bem grande também... eu tenho um afilhado que me dizia nas nossas conversas desde a adolescência: 'Lê, admiro você pq vc encara tudo, sem medo, com peito aberto'... como essa pessoa forte caiu?), chegara a hora de trabalhar... Tive uma fase péssima no trabalho [de fato, eu era uma BMW à 20k/h], nos estudos, no relacionamento, no foco, na vontade de viver, de me cuidar, nas decisões... é bem difícil se olhar com carinho e gentileza, enxergar que você não precisa ser insegura com você, com seu corpo, fase e suas vontades.
E tenho certeza, que é difícil estar ao lado de alguém em um mergulho tão intenso dentro de si. Obrigada para quem esteve ao meu lado, de alguma forma eu permiti, foi tudo contra a minha vontade hahaha, mas me ajudou muito. Nessa fase, alguém bem especial esteve perto, nem de longe foi a pessoa mais sensível, mas era o que eu precisava, de fato, sem passar a mão na cabeça, esteve, literalmente dia-a-dia ao meu lado... entre trancos e barrancos nos ajudamos muito.
Eu quis e precisei me afastar de muitos ambientes e pessoas na minha vida, raras as pessoas que entendem e respeitam essas mudanças, incluo me nessa. Como eu sai disso tudo? Na real, não sei... eu não acordei um dia e decidi "pronto, a partir de hoje minha vida será diferente", acho que quem entrou numa busca profunda de si, nunca mais sai dela, e não necessariamente percorrerá o mesmo caminho que eu ou qualquer outra pessoa tivemos. Não sinto mais o desequilíbrio que já tive, mas sinto que continuo me buscando sempre - e isso não quer dizer que eu não vá mais ter momentos ruins, de não aceitação, infelizmente não virei um ET, mas se lerem isso e quiserem me buscar, tamô aqui!
Não acho que as doenças do século tenha relação apenas com toda tecnologia, redes sociais, falta de empatia, e todos os diversos problemas humanísticos que temos por aí, enxergo além. Acho que muita gente tem se interiorizado, e cada um no seu tempo e jeito, o mundo de todos irá florir. Anseio por isso, e espero que não seja otimismo demasiado.
Todos nós somos um mar imenso, e as emoções são as ondas, elas vem pra mostrar algo, pra ensinar algo, se você não segurar essa onda, tudo flui... Eu aprendi muito sobre mim, cresci, e tenho tentado dia a dia, com calma e leveza, esse aprendizado todo, incluindo o que tenho tido de alguns meses até hoje.
Hoje faço terapia, cuido e busco do meu espiritual (e agora sem receio do que vão achar), tenho tentado cuidar de mim com o máximo de carinho e gentileza que consigo, por momento, enxergar o quão especial e linda que sou.
Desejo que todos se cuidem e se observem, de verdade. Que não fujam das ondas de emoção que aparece, por maior que ela seja. Não criem uma fuga, pq até essa fuga uma hora chega no beco sem saída".
por Letícia Sakamoto
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