domingo, 15 de novembro de 2020

Perdi. Mas, olha... ganhei.

Durante a vida toda, tive milhares de motivos pra me julgar uma pessoa autossuficiente. Alguém que não precisava de ninguém. Alguém que desdenhava e fazia pouco de quaisquer companhias.

Julgava ter dois focos. 
Aí a vida adulta chegou e me deu mais dois.
Há quem diz (eu), que tô querendo o quinto.

"O isolamento me fudeu", falei pra mim. Ela acabou com o psicológico forte que julgava ter e fragilizou aquele eu que tinha real certeza que tava mais que consolidado.

Não sou feliz sozinho. 
Não sou eu sozinho. 

Sempre disse que pessoas são passageiras e sempre preguei que era maduro o suficiente pra dizer que tô ligado que ceis vão aparecer e sumir um dia.
Sabia disso.
Sabia que ceis não iam ficar aqui pra sempre.
Só que a solidão bateu. E mesmo acompanhado, ela continuava a me socar na cara.
Sem dó.
Afinal, ela não calcula se tu tem direito à cota. Seja tu preto, branco, azul, amarelo ou vermelho, ela bate da mesma forma.

Tive raiva. Quis surtar. Quis brigar. Quis discutir.
Perdi amizades antigas, reneguei novas, decepcionei várias e fui decepcionado por óbvio.
Fui atrás de quem sumiu por minha culpa e me culpei por quem ainda tava aqui sendo que deveria ter sumido.

Tô aprendendo a mudar antigos pragmatismos, aprendendo a ter mais paciência, aprendendo a desenvolver algo que eu possa acreditar, aprendendo a votar.

Hoje eu sei as ações que jamais repetirei, as palavras que não mais direi, as broncas que não mais darei, aqueles com quem não mais beberei, os stories que não verei, as ideias que não perpetuarei, os perfis que não seguirei, as notícias que não compartilharei e, com certeza, aqueles que nunca mais acompanharei.

O isolamento me tirou coisa pra caralho, mas me deu muito mais.

Se você tá se achando um pau no cu, um antissocial, um bosta, saiba que, por aí, sempre tem alguém na mesma que você buscando entendimento e disposto a melhorar ou, quiçá, achar alguma coisa de bom nesse caos que tá lá fora bem como nesse desastre que tu chama de mente.

Eu sou um deles.

domingo, 18 de outubro de 2020

Dona Sandra, comprei uma TV no débito.

Se você achou que isso aqui era pra falar de conquista monetária e/ou material, peço que meta o pé.

Hoje comprei uma TV no débito.

Mas a minha TV no débito, na real, foi ser capaz de ensinar  valor da grana pro meu moleque. Foi ser capaz de deixar ele passar uma semana com o avô sem que eu ligasse de um em um minuto. 

Foi não falar de dinheiro por dois dias.

Minha TV no débito foi ser capaz de comparecer numas reuniões do trampo enquanto cozinhava e dava atenção pras aulas online do meu filho (coisa que muita mãe faz por aí). Foi jogar Banco Imobiliário com ele, ganhar, e não me sentir vitorioso porque o intuito era ensinar o valor da grana.

Minha TV no débito foi dar atenção pra aquela amiga no relacionamento abusivo que percebi. Pra aquele amigo com depressão que dei atenção. Pra aquela amiga que tá pra ser mãe que eu fui ver. Pra criança que serei tio que vi a barriga.

Minha TV no débito foi ver um moleque colar na minha porta pra chamar meu filho pra brincar. Foi ver o gato dar a barriga pra um carinho quando entrei no meu apartamento, sentindo minha falta. Foi trocar a torneira do banheiro que tava vazando.

Minha TV no débito foi acompanhar a live do parceiro músico que segue tentanto galgar seu espaço. Foi colar num ao vivo às 3 da manha só pra dar um salve. Foi postar um curso concluído no Linkdin. Foi falar pro meu chefe que "isso tá errado".

Minha TV no débito foi aconselhar a ex-namorada dizendo que era furada o relacionamento novo e encorajando um outro. Foi acreditar nas pessoas mesmo não conhecendo e, somente e unicamente, achando que elas a fariam um bem que eu não fui capaz de fazer.

Minha TV no débido é poder falar que nunca foi sobre grana, foi sobre pessoas.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

REGULAMENTAR AS REDES SOCIAIS = CENSURA!

Iniciemos assim: regulamentação não significa dizer que vai ter uma pessoa do Governo dentro do Facebook. Não é isso.

Regulamentação se trata de fundar as bases da regra do jogo. E isso, convenhamos, ficou a “deus dará” por conta da velocidade ao que tudo se deu.

Vamo fazer aqui um exercício bastante didático. Vamo falar de distribuição de água.

As redes sociais, hoje, se enxergam como uma empresa que construiu uma tubulação de água que visa abastecer todas as cidades. Tenha pra si, nessa analogia, que os usuários, jornalistas e todos aqueles que fazem uso das plataformas componham a empresa que envia a água.

Sendo assim, o deles discurso é o seguinte: “se a água chega podre na sua casa, não é responsabilidade minha. É da empresa que a fornece. Eu só estou fornecendo a tubulação. Eu sou só o meio, só o veículo. Eu não produzo nada”.

Ok.

Só que a tubulação, em uma bela medida, está enferrujada. Podre. E, consequentemente, isso atinge a água que as cidades consomem. Eles estão contaminando a caralha da água.

Trazendo pro contexto das redes, o algoritmo contribui com a mencionada contaminação. Tu não recebe tudo que as páginas que assina produzem, mas sim aquilo que uma fórmula matemática joga na tua timeline, certo? Sabemos disso. Sendo assim, concorda que não seria absurdo concluir que, se eles estão escolhendo, eles estão editando. Se eles estão editando, eles são publishers, editores. Se eles são aqueles que determinam o que ce tem de ler, isso os responsabiliz, ué.

Caralho.

A empresa fornecedora é responsável quando ela permite que agentes externos – produtores de fake news, fontes de financiamento desconhecidas, sem responsabilidade civil, jurídica. Pessoas que não se tem como localizar e cometem, diariamente, calúnias, difamações, ameaças, agressões – penetrem a tubulação e afetem a qualidade da água!

É SIMPLES DE ENTENDER!

O foda é que a gente tá lidando com Google, Facebook, Amazon e tal. ELES SÃO AS NOVAS COMPANHIAS DE PETRÓLEO, irmão! Eles são os detentores do poder REAL, não um poder abstrato. Esses caras são capazes – por ação ou por inércia, por ignorância ou por fechar um olho porque faz bem pros negócios – interferir em brexit, eleições, promover linchamento de pessoas na rua.


REGULAMENTAÇÃO NÃO É CENSURA! É compartilhamento de responsabilidade.


terça-feira, 21 de julho de 2020

A verdade é que você não é tão adorado assim.

Depois de vários momentos de reflexão, abuso de álcool, nicotina, pouco sono e pensamento autocrítico que venho tendo durante essa quarentena - completando, hoje, exatamente, 125 dias de isolamento -, concluí que acumulei algumas decepções no lado pessoal, profissional. Dito isso, consegui levantar três pontos que, talvez, role uma identificação com alguns.

Primeiro ponto: cada vez menos sou capaz de conviver com pessoas que não me acrescentam absolutamente nada. Parece que, a cada dia, rola uma percepção de onde e pra quem devo direcionar o meu carinho, minha atenção. O meu melhor lado, diria, somada à percepção de como a vida afasta, naturalmente, os serumaninhos que julgamos não trilharem o mesmo caminho que a gente.
Não to falando nem financeiramente, corporativamente. Tô falando de ideais de vida mesmo, tá ligado?Conceitos.
Essa tal de vida aí, naturalmente, te afasta de A ou B se tu te permitires enxergar tudo isso. Aposto, inclusive, que ce tem pouquíssimas pessoas que trilham estes mesmos caminhos mas, mesmo assim - e ilusóriamente -, tu mantém outras tantas que não querem o seu bem. Sem querer, estamos presos nessa caralha aí.
Vim aqui pra te dizer que se libertar disso é, olha, sensacional.

O segundo é que, cada dia, é daora DEMAIS se importar menos com a opinião destes que elenquei no primeiro ponto. Eles dizem "faça isso", "faça aquilo", mas tu nunca sequer viu este mesmo seguindo seus prórpios conselhos. Essa galera fala somente por falar e quanto mais você os ouve, mais ce se confunde, se atrasa. Às vezes o mano, no dia seguinte, já até esqueceu o que te falou e você que fica lá, todo fudido, martelando a ideia por dias à fio.
A cara é não aceitar crítica construtiva de quem não construiu nada.

A terceira coisa é: não enumere amigos em momentos de empolgação sendo que é só na merda que tu sabe quem é que tá contigo real.
É só na lama que ce vai perceber e entender quem realmente gosta de você. E são poucas pessoas.
Chega um certo momento que tapinha nas costas não convence mais, palavras bonitas também não e tu percebe que não és tão adorado assim, tá?

sábado, 22 de fevereiro de 2020

7.

Pode parecer que estou me referindo ao novo álbum do BTS, mas não é o caso haha
Ainda assim, esse texto se trata de uma resenha, mas uma que não é nada artística ou musical. Ela tá mais pra uma análise pessoal. E instransferível, a propósito.

Filho, hoje você completa sete anos de idade e, cara, todos os anos eu penso a mesma coisa: como essa porra de tempo passa rápido. Me lembro do que tava sentindo em todos os seis textos anteriores que lhe dediquei e, pensar neles, me traz uma certa nostalgia, mas, de fato, muita felicidade. Quero reforçar que tu és a melhor coisa que já me aconteceu.
Hoje, eu estava olhando suas fotos "antigas" - porque uma criança de sete anos não tem fotos antigas, por isso as aspas haha - e posso dizer o quão interessante é te acompanhar de perto. Ver tu desenvolver teus gostos, preferências, repulsas. Ver como erra e acerta. Ver como lida com seus sucessos e fracassos.
Uso desse, inclusive, pra lhe pedir que não te preocupes se, por muitas vezes, ce não lidar tão bem com as coisas. Essa, no caso, é a minha função que, inclusive, gostaria e MUITO de lhe agradecer pela oportunidade de desempenhá-la.
Sério mesmo!
Eu nunca imaginei que iria achar daora ter muito trabalho, sabia?

Você é um menino muito amoroso, carinhoso, e bagunceiro. Fala que só a porra também. Eu amo a maneira como conseguimos tecer uns diálogos que, real, muito adulto não tem a capacidade de ter. Me impressiona um tanto quando ce aparece falando sobre uma lógica que usou numa fase de um jogo X ou as respostas que dá quando todo mundo espera algo óbvio e infantil.
Claro, eu sou teu pai, então é natural que isso pareça babaovismo paterno.
Eu não ligo.

Competitivo, chorão, tá sempre com fome, apreciador de cartas de Pokémon, Cavaleiros do Zodíaco, Nintendo Switch, Netflix e que ainda está aprendendo a perder e não tem saco pra filmes longos.
É.

Como já falamos pessoalmente, tenho o desejo de te dar tudo o que eu puder e julgar ser o melhor até que você possa tomar as suas próprias decisões e julgar, por ti mesmo, o que eu não poderei. Enquanto eu estiver nesse provisório controle supérfulo do que te cerca, pode ter certeza de que não lhe privarei de nada, te proporcionarei o melhor que houver ao alcance e serei a luz na sua (ainda pequena) escuridão.
Filho, sou o instrumento que o universo colocou na sua vida no intuito de lhe mostrar o respeito para com todo o mundo, amor, cuidado, responsabilidade de ação e pensamento mas que também precisa dos seus ensinamentos visando desempenhar e disseminar só o que houver de melhor. Com você, eu sei que sou capaz de qualquer coisa.

E muito obrigado por isso também.

Meu mano, meus parábens. Feliz aniversário!
Te desejo muito sucesso, amor, doces, cáries, coração preenchido, partido e remendado, gargalhadas, lágrimas e conquistas.
Que todos os clichês que as pessoas desejam sejam verdadeiros.

E "ai" deles se não forem.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Já peço desculpas pela agressividade.

Me fala quando você - que está muito acima da média em termos de percepção - entrou numa discussão política com outro motivo que não fosse ganhar?

Já peço desculpas pela agressividade.

Me diga uma vez que um adversário seu no campo político conseguiu te convencer de que você estava errado com relação ao episódio A ou B.
Ouso dizer que nunca ou muito poucas vezes. E a culpa não é sua.

Se todo mundo sabe que estamos em meio a uma guerra de informações, quem vai acreditar naquilo que o "inimigo" diz? E foi justamente assim que a gente se meteu nessa situação de pesadelo.
A imprensa perdeu o respeito, virou inimigo. Os políticos perderam totalmente a vergonha na cara e forçam narrativas, distorcem (quando não inventam) a realidade, ou baseiam as informações em fontes desqualificadas só pra manter seu ponto.
E vai ficar assim, esse nós contra eles.
Mas tem um detalhe importante: uma coisa é a teu amigo reaça ficar mandando notícia fictícia, sensacionalista e esse debate rolar no zap e outra totalmente diferente é a máquina estatal com todo seu alcance, dinheiro e monopólio do poder, difamar, mentir e omitir. O Presidente da República se fez de otário e caluniou uma renomada jornalista, ce sabia disso?
Essa porra é seríssima!
Seus filhos - que não têm cargos no Governo, mas dispõem de cargos públicos - também cometem DIARIAMENTE esse tipo de irresponsabilidade. Flávio Bolsonaro mostrou lá no seu twitter uma autópsia dizendo que é do miliciano amigo dele (fato desmentido pela polícia baiana).
Pai e filho tentam, sem qualquer evidência, mandar a conta dessa ÓBVIA queima de arquivo para o governo da Bahia só porque é petista.

SEJA DE QUEM FOR O CORPO MOSTRADO PELO FLÁVIO é vilipêndio de cadáver. Crime.
Eduardo Bolsonaro difamou a jornalista em plenário. Isso não é liberdade de expressão garantida pelo foro privilegiado, é calúnia. Crime.

Agora, ce sabe porque eles fazem isso? Porque eles podem.
Porque buscar a verdade não interessa mais a quase ninguém nesse país cada dia mais manipulado e idiotizado por essa corja.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Felicidade é.

(Não tão) recentemente, temos visto pessoas ricas, famosas e influentes de diversos segmentos admitirem que não estão, que estão super mal com algo que pode parecer incompreensível, claramente num quadro de depressão. E, porra, inúmeras pessoas passam por isso. Que têm sintomas dessa doença ou que convivem com ela.
Mesmo você achando que não, ser exposto à um grande número de pessoas, ser exposto à mídia, as pessoas saberem da sua vida, tudo isso, pode causar SIM uma confusão mental MUITO grande. Tem que ter uma força psicológica fortíssima pra lidar com isso. É bastante difícil.

Aí ce vê os calango dizendo: "AH isso é besteira! Frescura! Se eu tivesse o dinheiro dele(a), se eu tivesse a(o) parceira(o) dele(a) JAMAIS ficaria assim!"

E é justamente aí que mora o perigo, minha camaradagem, e também onde está sobre o que eu tô falando.
A partir do momento que ce fala "se eu tivesse isso", "se eu tivesse aquilo eu seria feliz" e afins. Quanto tu terceriza a sua felicidade à outra pessoa que não seja você, mermão, ce vai ser um serumaninho infeliz.
E aí quando ce tiver tudo que um dia tu julgou precisar pra ser feliz, ce vai achar que precisa de algo mais pra continuar feliz ou voltar a sê-lo.
Não dá pra terceirizar a felicidade na esposa, no marido, num dinheiro, na fama, na carreira. Pra mim, felicidade nã é pelitude, saca? É momento. NINGUÉM é feliz cem porcento do tempo. A gente oscila pra caralho em dias bons e ruins. Momentos bons e ruins. Tristes e felizes.
Sai dessa nóia porque estando nela você não aproveita as caceta das parada feliz sendo que a felicidade É ISSO!

O que te deixa bem, sorridente, com aquele sentimento sensacional? Procure fazer mais daquilo. Procura conviver com esse sentimento com maior frequência e esqueça: você pode conquistar um monte de coisas ou pessoas, sei lá, você NÃO VAI acordar, do dia pra noite, feliz pra sempre.

A felicidade depende mais do que temos em nossas cabeças do em nossos bolsos.