Eu queria sair por aí e conhecer alguém. Assim, sem precisar procurar no meio da multidão.
Alguém comum, sem destaques evidentes, sem cavalos brancos . Alguém que soubesse se aproximar sem ser invasiva ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante. Alguém com quem eu pudesse conversar sobre filosofia, literatura, música, política ou simplesmente sobre o meu dia. Alguém a quem eu não precisasse impressionar com discursos inteligentes ou com demonstrações de segurança e autoconfiança. Alguém que me enxergasse sem idealizações e que me achasse atraente ao acordar, de camisa amassada e sem gel no cabelo. Alguém que me levasse ao cinema e, depois de um filme sem graça, me roubasse boas gargalhadas. Alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras. Eu queria não precisar usá-las e ainda assim não perder o mistério ou o encanto dos primeiros dias. Alguém que segurasse minha mão e tocasse meu coração. Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse. Alguém com quem eu pudesse aprender e ensinar sem vergonhas ou prepotências. Alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse. Que me dissesse que eu canto mal e que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrado. Alguém que me olhasse nos olhos quando fala, sem me deixar intimidado. Que não depositasse em mim a responsabilidade exclusiva de fazê-la feliz para com isso tentar isentar-se de culpa quando fracassasse. Alguém de quem eu não precisasse, mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo. Alguém com qualidades e defeitos suportáveis. Que não fosse tão bonita e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção. Alguém educada, mas sem frescuras; engraçada e, ao mesmo tempo, levasse a vida a sério, mas não excessivamente. Alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo. Eu queria sair por ai e conhecer alguém imperfeito. Feito para mim.
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