quarta-feira, 8 de junho de 2016

Hoje.

Acho que chega um momento, pra todo mundo, em que muitas coisas passam a ficar, digamos, menos interessantes. Tediosas, talvez, mas gosto de pensar que o interesse meio que se esvai. Sei lá.
Maturidade é uma palavra que pode ou não se aplicar à essa questão. Acredito que seja mais algo relacionado ao seu estado de espírito, prioridades, obrigações.
O fato maior é que acabamos, mesmo sem querer, julgando mal aqueles que praticam aquilo que não vemos mais como relevante. Pura hipocrisia, eu sei.
Veja, prefiro, hoje, mil vezes sentar de frente a uma pessoa e dissertar sobre o assunto que for: futebol, estrelas, universo, livros, amizade, amor; gosto de ter os olhos do outro nos meus enquanto o escuto e vice-versa.
Encaro isso como algo positivo em uma época na qual é super comum perdermos o costume do estranho contato visual. Da relação interpessoal em si. Estamos acostumados a ver casais preocupados com suas postagens mesmo quando frente a frente em um restaurante x. Algo que, por padrão, deveria ser um momento a dois, é comum se tornar um momento " a centenas". Nossos olhos estão habituados às telas, mas não mais aos rostos. Tanto que se olhamos demais pra alguém, este mesmo encara o ato como algo ofensivo ou digno de intimidação.
Hoje, os sentimentos estão nos emoticons; o divertido está nas risadas digitadas e o tédio nos áudios gravados.
Desaprendemos a fazer telefonemas pois a voz de outrem é tediosa demais para se escutar por mais de trinta segundos. "Vou mandar uma mensagem pra ele (a)" se tornou o nosso script na vida.
As memórias do nosso cérebro não mais bastam. Elas precisam ser estimuladas por likes, compartilhamentos e marcações. Precisamos ser estimulados virtualmente pra chegarmos perto de sentir menos que o nada.
"É a evolução", você dirá.
Mas essa palavra é usada quando algo muda pra melhor, não?
Estamos usando-a em um momento claro de retrocesso.
Sei lá.
Sei que estou sendo hipócrita. Também sou usuário de tudo isso diariamente. É que me peguei pensando nessas coisas e me fizeram muito sentido.

Sabe, sempre que eu puder, vou passar a requisitar a presença dos meus. Aqueles que eu sinto falta, que quero por perto. Às vezes, os dias nos levam pelos caminhos mais fáceis, mas eu aprendi que os mais difíceis são os mais compensadores.

Tenta você também.