terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Militante e vítima.

Da mesma maneira que tem gente como um tal de Sergio Camargo - preto, bolsonarista e que diz que não existe racismo no Brasil -, Karol Eller é uma negacionista da homofobia. Segundo sua própria lógica, "cansei de expor explicitamente que o gay discreto - aquele que não afronta os bons costumes da família brasileira - não corre nenhum risco".
Ou seja: se você é gay e expõe a sua forma de amar na frente de um desgraçado homofóbico, VOCÊ se pôs naquela situação.

Karol é o tipo de pessoa que culpa a vítima

Esse tipo de raciocínio, obviamente, machuca gente pra caralho. Literal e não-literalmente.
Machuca a moça estuprada que tem que ouvir que a culpa foi do vestido que ela tava usando ou do álcool que ela consumiu. Machuca o preto que foi humilhado na Oscar Freire mesmo cheio dos plaquê de 100 no bolso e tem de ouvir que não existe racismo pra quem é rico. E machuca muito também o gay que toma uma bica sabe-se-lá de onde só porque estava andando de mãos dadas com seu/sua namorado(a).
Karol aprendeu da maneira mais brutal possível que ela estava errada. Aprendeu que quando um grupo normaliza e/ou tenta passar pano pro preconceito dando espaço pra que ele seja manifestado publicamente e, muitas vezes, defendido, TODA a sociedade perde. E foi justamente isso que o grupo político dela fez e ainda faz.
Seu atual empregador, um cara que ela acha MUITO BACANA - inclusive, com quem tirou várias fotos carinhosíssimas (sendo bastante úteis durante a campanha pois fez ajudar a reduzir sua rejeição) -, já disse um milhão de frases homofóbicas.
Poder que, nessa época, Karol tenha sido uma "inocente útil". Depois, não mais.
Não depois de aceitar o cargo.
Passou de iludida a cúmplice. Cúmplice paga com dinheiro público.

O meu ponto aqui é: exigir que a comunidade LGBTQ+, a esquerda, progressistas ou anti-bolsonaristas venham a sair em defesa da Karol com o mesmo afinco quaisquer homossexuais que não renegaram a causa e não chamou seus semelhantes de "vitimistas" ajudando assim a confundir as pessoas e disseminar conceitos que atrapalharam MAIS AINDA a vida dos LGBTQ+s nessa porra de país, é pedir SÓ UM POUQUINHO de mais.
Num acha não?
Sei que eu não sendo alguém da comunidade não tenho lugar algum de fala (muitos dirão). Repito: tem um abismo GIGANTESCO entre o que eu tô falando aqui e o "bem feito", "apanhou pouco".
NÃO!
EU NÃO ESTOU DIZENDO ISSO!
O que eu estou dizendo é que ela mesma disse que esse tipo de coisa jamais aconteceria com ela ou com todo e qualquer gay "que se dê ao respeito".

Ela como vítima merece toda a solidariedade.
Ela como aliada dos homofóbicos, não.

Se ela sair desse episódio com o mesmo pensamento e continuar dizendo que a culpa é da vítima, a coisa vai ficar ainda pior.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Não nos cabe controlar o mundo.

Na mesma semana em que a ministra da família - vulgo Damares Alves - aparece como a segunda mais popular, Eduardo Bolsonaro aparece no Twitter fazendo campanha contra a Netflix por conta de um especial de Natal que faz humor com a figura de Cristo.
No discurso de posse do Bolsonaro, ele disse que libertaria o povo do socialismo e do politicamente correto. Como nunca tivemos um governo socialista e piada sobre religião "não pode", pelo visto, temos duas promessas não cumpridas.
Existe uma diferença entre piada que ce faria e piada que ce não faria. Piada que te faz rir e piada que ce não acha graça nenhuma. Piada que ce quer ouvir e piada que ce não quer que contem.
Enfim.
Esse negócio de fazer patrulha "em nome de Deus" é algo muito perigoso porque a gente sabe como começa mas não sabe como termina.
Deus é uma experiência íntima. Sendo metafísico, não deve jamais se misturar com questões de Estado. O que é uma zuadinha - referenciando o especial de Natal do Porta dos Fundos - aqui em cima com uma eternidade sofrendo lá embaixo?
"Meu Jesus" estaria de boas. Transformando água em vinho e assistindo à zuera.
Os Bolsonaros perceberam que os conservadores cristãos são seu público fiel e estão jogando pra loucura. Pra torcida. Simples e hipócrita assim.
Eu tenho o maior respeito, pessoalmente, pelas religiões. Acho a fé uma coisa maravilhosa, mas me fode o estômago quem faz uso dela pra ganhar dinheiro em templo, mandato, ou ad sense no Youtube.
Conservadores, no sentido mais comum no Brasil, me incomodam muito justamente porque eles incomodam os outros.
Eles nunca - ou quase nunca - estão satisfeitos em cuidar da sua própria vida. É como se eles próprios vivessem em um estado constante de insegurança sobre seus valores ou sob a sua capacidade de fazer algo que não é tão complexo porque é instintivo: criar seus filhos. Em nome dos valores da família DELES, eles querem mudar os hábitos das famílias DOS OUTROS.
Se você é conservador, deve tá pensando "claro! O seu comportamento, quando público, é visto pelos meus filhos!".
O grande erro desse raciocínio é que, ao fazer isso, você tá transferindo pro outro uma responsa que é só sua: preparar seu filho pro mundo.
Essa porra é complexa! Plural. Desigual (especialmente aqui no Brasil), e querer transformar ele - o mundo - numa extensão do seu quintal, da sua casa, é ingênuo e intolerante.
Como eu não sou conservador, não farei o que ceis fazem. Tipo algo como nos ensinar como nos comportar, quem amar, ou como criar nossos filhos mas, como pai, eu posso dar uma dica: é muito mais eficiente ensinar a sua criança a manter bons valores - independentemente do que elas veem na rua - do que tentar adaptar todo o entorno pra que o mundo não choque os olhinhos do seu bebê.
Esse é o trabalho dos pais.
Não nos cabe controlar o mundo.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Você mudou, e tá tudo bem.

Você já teve uma ou mais pessoas super próximas, queridas e amadas nas quais, ao olhar, teu cérebro te diz que não é uma boa ideia ter determinado assunto, falar sobre certas coisas, contar certos segredos, entrar em certos campos da sua vida?
Ou o contrário.
Já olhou pra alguém e viu todo e qualquer bloqueio que possuía desmoronar, um por um? Alguém próximo que, até um passado recente, ce sequer se imaginava proferindo certos tópicos da sua vida e, hoje, a consciência nem apita?

Acredito que ambos os casos só rolaram porque alguma coisa que te ligava ou afastava daquele ser humano, mudou.
Pode ter sido por influência do tempo. Aquela amizade que surgiu no seu primeiro emprego que já não faz mais sentido.
Pode ter sido porque as suas crenças e valores pessoais te tornaram alguém mais incisivo e zero tolerante com certos comportamentos e atitudes. Você não sabe mais esconder quando algo te desagrada e faz questão de que todos saibam disso.
Seu pensamento político-social tomou outro rumo por influência de tudo aquilo que viu.
Passou a fazer trabalho voluntário. Largou a faculdade ou foi fazer intercâmbio.
Parou de ou voltou a fumar e beber.
Aquele bar já não te transmite conforto ou desespero. Não tem mais ou passou a ter interesse em cinema, livros, fantasia, ficção, filosofia, psicologia e jogos de tabuleiro.
Terminou um rolo com cara de namoro. Iniciou um namoro com cara de casamento.

Você mudou, e tá tudo bem.

Tenha certeza de que tu também é essa pessoa pra outro alguém. Ce também é ambiguidade. Liberdade e bloqueio. Sempre será.
Aos olhos de quem te vê, ce é foda pra caralho, excelente companhia e aquela maravilhosa troca de experiências ao passo que, em outras vistas, tu és um muro que não será derrubado tão cedo.


Aceita e respeita.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

09.09

Compartilhe das suas frustrações com quem te faz bem ou te faz o neutro. Não segure mas também não espalhe pra meio mundo.
Profissional ou pessoal.
Seja lá quem for, pra quem for ou com quem for.
Tuas frustrações são tuas.
E se for compartilhá-las, que seja pra construir e REconstruir. Jamais pra destruir quem sequer sabe de onde vem a sua vontade de.
Que seja pro teu crescimento e que seja pra te tornares uma pessoa melhor. Jamais pra piorar outrem.
As pessoas não são mártires de tuas dores.
Elas são, no máximo, canalizadores de problemas próprios que, TALVEZ, numa conversa informal, irão te ajudar a não ser aquilo que elas queriam não ser.


Mas são.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Partidas dobradas.

Dizem que, quando as pessoas mudam, os sentimentos mudam em paralelo. São as chamadas partidas dobradas que não se aprende na aula.
O certo - e mais saudável - é superar, seguir e viver. Permitir-se. Admitir que não tá tudo bem, admitir que não sabe se aquilo vai passar tão cedo (se é que vai).
Sem drama.

Você disse que sabia no que ia dar, mas a verdade é que, mesmo ciente, não seria nada mal se realmente desse.
Certo?
Agora rola a preservação aqui e aí sendo que não seria nada mal aceitar que não sobrou nada e que estamos sendo fakes de adultos felizes e preenchidos emocionalmente. Seguindo a vida mas, na real, fugindo daquela pessoa que sabemos ser a certa.

Fugindo sim mesmo que você o faça dessa sua maneira velada. Ainda assim, fugindo.

Eu sei que os sentimentos não irão desaparecer, mas, de novo, em paralelo, sabemos que o amanhã sempre vai colar e arrancar a verdade de nós.


A minha enquanto escrevo.
A sua enquanto pede pra me ler.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Segue.

Tava aqui pensando: quantas pessoas, empresas e sociedades perdem pessoas relevantes por não terem coragem. Por não terem cu pra aguentar as críticas ou lo que sea.
Venho observando que, nos três anteriormente citados, perdemos seres relevantes simplesmente por não termos enfrentado o que vem a seguir. O que vem depois.
Somos tão acostumados com essa parada de meritocracia que traçamos essa porra pra nós mesmos.

Você não tem coragem de sair do seu trampo que faz todos os dias porque paga suas contas. Naquelas.
Paga naquelas.
Você gasta mais do que ganha e sorri pra todo mundo.
Sorri porque geral te ensinou que aquele que não é simpático é mal-amado. É mal-comido.
Mas só você sabe os boleto que veem na sequência. A cobrança que você se faz quando o e-mail do serasa chega.

"AH, MAS É FALTA DE PLANEJAMENTO"

TEU CU, meu chapa!

Já vi nego ralando a cara mês a mês pra chefe coxinha promover parceiro dele. Revolta existe sim e muitas não são infundadas até porque, pra geral, é suave reclamar. É cômodo.
Mas uma coisa é ser merecedor outra é se achar merecedor.

Não tenha medo de largar a porra toda se te, no seu julgamento, te fazem injustiça.
Mete o pé, mana.

Mas ae, saiba onde ce tá entrando. Até porque, chorar por posição, trampo e status é coisa de pau no cu.
Se você julga merecer e onde ce tá não tá teno, mete o pé.
Não atrasa o lado de ninguém.

A maior nobreza de nós, lixo humano, é saber sair de onde não se é bem quisto.
E, se tu tem isso por si só sem que eu tenha o dito, tu já tá à frente de vários humanos.

"Try to move on anyway", como diria Jorja Smith.

domingo, 18 de agosto de 2019

Não te liguei.

Eis que eu não te liguei.

Foi dia dos pais e, dessa vez, eu não peguei no telefone pra te ligar. Pra te dar um "oi" ou seja lá o que fosse possível fazer nessa data.
O fato é que ainda não tô conseguindo ter certas proximidades contigo. Não tô conseguindo olhar ou observar em mim os seus trejeitos. Essas porra me deixam mal pra caralho.
Não tô conseguindo ver o pai que ce me foi. E eu não to sendo ele pro Yuri porque me esqueci de quem ce foi pra mim.
O tempo passou e não sinto mais a sua presença mesmo estando onde eu sei que está.

Pai, o tempo tá passando. Seu neto tá crescendo.
Confesso que, às vezes, é bem treta lidar com ele. Ele tem muito de nós dois, sabe? Ele tem muito de você.
Confesso que fico puto por ver você nele, às vezes. Você nunca esteve aqui pra que ele sequer pudesse se espelhar em ti. Mesmo assim, ele o faz. Sem saber.
É birrento, não aceita crítica, e fica de cara feia quando toma bronca. De castigo dentro do quarto, ele finge que aquilo num é nada. Que vai passar. Que eu vou voltar atrás.
Não se redime.
A mente dele é mais dura que uma pedra. Bem como a sua sempre foi quando ce entrava naquelas treta com a mãe e a Gabrielle ficava aos prantos dentro do quarto esperando acabar enquanto eu procurava um motivo pra enfiar a mão na sua cara sem remorso.
Eis que enfiei, né?

17 anos. Sem porra de vivência nenhuma, mas sempre achei que dona Sandra era meu santuário e você era o profanador. Você era o antagonista.

Eu te idolatrei, mano. Ce era meu herói. Ce era tudo o que eu queria ser.

A sua idolatria não era amor. Era ego.
Sou seu primeiro filho, homem, que não virou bandido. Que não apareceu no jornal do bairro pra que tu sentisse vergonha.
Esse mérito eu vou te dar. Sim. Por mim, não por você.
Os mesmos cara que colava em casa que ce desprezou durante muito tempo, eu não tenho contato mais. Fica em paz. Não sou como esses mano.
Infelizmente, escolhi o caminho mais longo. Aquele que tem dor e dívida pra caralho.

Ce achou que eu tinha metido o pé do país sem falar contigo, fala aí. Que eu tinha ido embora e levado seu neto sem que tu soubesse de seja lá o que tu queria saber.
Que diferença ia fazer? Ele tá há trinta minutos de você e não sabe qual é a sua cara.
Ele não conhece o avô paterno. Não sabe seu nome.
E, aí, de homem pra homem: não foi por falta de esforço da minha parte. Durante três anos, fiz de tudo pra que vocês tivessem o mínimo de contato.

Eu tentei, caralho! E ce tava onde?!
Foda-se também.

Só queria te dizer que tô aqui, hoje, pensando em tudo que tu poderia ter sido e não foi sendo que, se for ver, o certo era o contrário. Eu deveria pensar em quem eu poderia ser e não sou. EU, o inconsequente que tá ta porta dos trinta, que deveria pensar. Que fez merda pra caralho com a própria vida durante todos esses anos tentando suprir alguma coisa (e essa culpa eu não transfiro pra você) que, agora, anda procurando entender o quê.

Eu tenho medo, pai.
Muito medo.

Medo de ter que lidar com você, porém em outra posição.
Sendo pai de alguém como você.
Sendo pai do seu espelho.
Sendo pai de mim mesmo, talvez.

Medo de ser alguém fraco como você.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Quatro paredes.

Crescer memorizando as rachaduras e os mofos nas paredes do quarto que divide com a irmã até alta adolescência. Olhar pra todas aquelas partículas e pensar em como elas, um dia, podem vir ao chão.
Se de uma vez. Se aos poucos.
Imaginar, sempre, que alguma mudança pode acontecer. Que algum dia pode ser salvo de sabe-se lá o quê.
Você, que assume ser um tipo diferente de pessoa. Que se questiona como eles - seus, até então, amigos - podem achar toda aquela realidade sensacional sendo que, pra ti, é tudo tão deprimente e vazio.

Carro.
Moto.
Mina.

Ao olhar pra esses mano (ainda) te vem o tal "isso aí não é tudo, chapa" e que, se for pensar de forma fria, eles somente não sabem o que há atrás daquelas paredes nas quais escolheram viver.

Nota mental: entenda paredes fora do sentido figurado.
As suas podem ser aquelas feitas de concreto. As deles são os três anteriormente citados com um plus de algum status na vila. Algum respeito. Seja lá o que isso venha a ser ou como se faz pra ter.
Nós somos donos, construtores e demolidores de nossos próprios muros.

Mano, quando te colocam na cabeça que ce tá destinado a ser maior sem nem dizer uma só palavra sequer, ce percebe que o único quarto que vai te manter recluso é aquele que existe dentro do teu próprio cérebro onde todos teus sonhos lá estão contidos. Sem ter de esperar para que o universo se alinhe, sem esperar por eclipse ou paraíso astral.
Todos os dias, olhar pra fora da tua janela, frustrações impacientes sequer encostando no teu travesseiro, acordado à noite enquanto a mente viaja por aí, tu vai pensar em todas as coisas que poderiam ter sido diferentes, se tudo tivesse mudado da noite pro dia, se tivesse tomado a pílula azul ao invés da vermelha.
Mas nada disso mais importa. Aquelas quatro paredes que pensava te envolver, não mais existem. Sonho é questão de objetivo e não mais de reclusão.

Falo poeticamente, mas se tem uma coisa da qual não me orgulho é de minha ignorância iminente pra uma par de coisa e, claro, de como a felicidade é algo figurativo. Afinal, a gente consegue sim ser feliz por quem somos. Independente de onde estivermos e/ou morarmos.
Seja em nós ou em quatro paredes quaisquer.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Famigerados sete dias.

Se de fato existe algum deus, ce acha que ele estaria, agora, olhando aqui pra baixo, recostado em seu sofá? Você acha que, ao falharmos e clamarmos por ajuda, ele aumenta o som de seus fones no intuito de abafar as vozes?
Será que está orgulhoso?
Será que nós estamos orgulhosos?
Acho que esquecemos de como viver a vida sem filtros – e entenda filtros como quiser. Sejam eles referentes a critérios e ou aqueles do Instagram.
Acho que estamos tornando famosas pessoas nada fascinantes e muito fúteis. Estamos falando pras crianças que pessoas bonitas são melhores, que coisas como cor da pele, crença e religião realmente importam.

A gente tá fudido.

Será que ele pensa em se pendurar no lustre pelo pescoço devido à essa ganância gigantesca que possuímos e de como a tal mídia antissocial dissemina todo esse esgoto?
Sei lá.
Talvez isso tudo seja um teste. Talvez ele esteja entediado e puto por conta de todas suas perdas e estresse (como todos nós devíamos estar). E eu espero que, através dos ruídos e da tela estática, ele nos mostre algum tipo de clareza ou nitidez porque, porra, achar algum sentido nisso tudo é mais difícil que escrever Macaulay Culkin.

Será que ele reza por nós antes de dormir?
Enfim...

Senhor Universo, te pedimos pra que não desligue a sua TV e continue aí nos assistindo, prestando atenção nesse reality show que se tornou a bolha que nós mesmos criamos e estamos, dia a dia, chamando de “vida”.

Senhor “cara aí de cima”, poderia, por favor, me responder uma pergunta? Essa foi a terra que tu criaste com o maior cuidado, almejando perfeição e tal. Eis que chegamos nós e fizemos o favor de transformá-la nisso aí que ce tá vendo hoje.

Fala pra mim: isso aqui realmente fez com que aqueles sete dias valessem à pena?

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Sobre (falta de) vivência.

Essa é a minha opinião e você não tem nenhuma obrigação em concordar com ela. Certo?
É meio merda ter de explicitar isso no início, mas tamo vivendo num mundo tão maluco e sem noção que é bem melhor prevenir.

Convivo, profissionalmente, com uma pessoa que, simplesmente, não tem, não teve e não age como se jamais fosse ter qualquer vivência junto a outros que não compartilham da mesma condição que a sua. Pobres em geral, participantes de quaisquer programas sociais (bolsa família, fies, etc). Não teve e não tem quisquer tipo de relações, diretas ou indiretas, com quem não tem menor "status social" que o seu.
Isto dito, queria deixar claro que o fato dessa pessoa ter estudado em escola particular desde o pré, vivido e viver em condomínio fechado, ir pra Disney todo ano e estudar em uma das faculdades mais caras de São Paulo por subsídio de sua mãe doutora, NADA, absolutamente NADA se relacionam com a construção da minha opinião. Afinal, você pode ter tido diversos privilégios mas, mesmo assim, ter se aproximado de quem não os teve. Vocês devem ter amigos assim como eu também tenho.
E tá tudo bem.

O caso aqui é de alguém que nunca viu um mendigo, não acredita que os moradores de rua passam frio ou que, em vários casos, morrem.
É uma pessoa sempre é estúpida com aqueles que pedem uma grana ou algo pra comer quando está no bar à beira da calçada e que também não entende porquê a criança lhe vende uma bala quando na mesma calçada se encontra ou o motivo pelo qual pessoas passam a madrugada em uma fila quilométrica no Vale do Anhangabaú.
É sempre o tal do "é nisso que dá não estudar" ou o "viu, teve filho cedo. Tinha televisão em casa, não?". Como se fosse facilmente justificável. Como se tudo fosse preto e branco, 0 e 1.

Se você é essa pessoa ou se conhece alguém que o é, por favor, pense ou faça com que pensem nisso. Estamos falando de alguém que é ignorante em um nível altíssimo. Tanto que se tornou negacionista da realidade, revisionista histórico.

E, antes que você me diga pra argumentar, sim, eu tentei. Mas não adianta.
Simplesmente não entra em sua cabeça ou coração. Nada que não seja o que ela vive faz sentido.

Já me causou raiva, decepção, revolta. Hoje, estou estático. Congelei já.
Tô aqui passando pra vocês para, ao se depararem com essa situação, não desistirem como eu desisti.

sábado, 3 de agosto de 2019

Sorry

E mais uma vez eu tenho pensado na porra da minha vida inteira.
Mais uma vez, tenho pensado em todas as pessoas que conheci e conheço bem como naquelas que eu deixei ir quando, hoje, penso que não foi o momento.
Talvez, agora, esteja naquela fase do arrependimento onde a gente sempre se olha e vê que não somos tudo aquilo que pensávamos ser. Ou que somos. Ou que pudéssemos ser, mas, ali, não fez sentido manter certos contatos. Certos relacionamentos.

Somos volúveis pra caralho, né?
Eu sou, em certos campos da minha vida e personalidade.

Me lembro do OutKast falando "I am for real" e pedindo desculpas por isso.
Será que eu devo pedir desculpas por ser sincero e real sendo que o resultado é machucar alguém?
Penso que não.

Penso que sou minha própria casa e que, se eu não me sentir em paz comigo mesmo, não haverá ser humano na minha presença que se sentirá bem. Mesmo que não vivamos pra ninguém, é bem merda quando não temos a possibilidade de ter alguém que se sinta ao menos confortável na sua presença.

Não temos como prever o tempo, mas temos como prevenir as tempestades.

E eu espero ser capaz causar bad weathers quando eles forem necessários.
E espero poder trazer o sol ou o céu cinza pra quem o sente falta.

Peço desculpas, senhora Jackson.
Mas eu sou real.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Voltei de onde não estive.

Mesa de bar sempre vai ser o melhor lugar pra organizar os pensamentos. Esse sou eu agora. Já.
Tava vendo aqui e, nesses últimos meses, tenho focado no meu profissional de uma maneira que jamais tinha feito antes. Tenho focado em coisas que jamais tinha focado e tenho feito considerações jamais consideradas. Justamente por considerá-las inconsideráveis. Inaceitáveis, profanas e incompreensíveis.
Até pra mim.
No entanto, o que antes não era palpável, hoje é. Bem como o que não era realidade, hoje se aproxima de.
Tenho sentido que a vida em si tem me dado motivos pra pensar nela própria como se fosse uma dor de dente que passa ao se tomar um analgésico: sente-se o alívio, livra-se dela mas, na real, ce sabe que a dor vai voltar uma vez que, obviamente, tu não tratou da causa. É tipo tapar o sol com a peneira no verão do Rio, tá ligado?
Nessa reflexão toda enrolada, cheguei à conclusão de que preciso voltar pra terapia. Preciso cuidar da minha saúde mental já que a física eu fodo todos os dias devido incidências constantes de álcool, nicotina, stress e auto cobrança.
Querer ter a solução instantânea pra todas as coisas bate de frente pra com a minha falta de imediatismo com relação aos meus sentimentos pra comigo. Pra com o que espero e quero pra mim a longo - e não tão longo assim - prazo.

Voltei pros rap no fone de forma mais assídua como em 2004 fazia. Voltei a ter prazer em acordar cedo e ir pra rua em direção ao lugar onde passarei a maior parte do meu dia e pre-ci-so voltar a ter paz e harmonia nos meus lugares de descanso.
Preferir permanecer acordado jamais foi qualidade. E isso é algo que tenho passado a considerar: dormir não é o mesmo que fechar os olhos, perder a consciência e, sepá, sonhar. Dormir é sinônimo de ter paz.
Seja onde for.
Não importa onde ce more. Seja em si, seja num canto feito de concreto.
Paz é paz. E, mano, vou te falar...

Ter paz é do caralho.