segunda-feira, 16 de abril de 2018

Pare de sentir falta de quem não sente falta de você.

Faz parte da nossa natureza suprir determinados vazios com algo. Com alguém. Mesmo que isso, muitas vezes, não seja póssível, tentamos anyway.
Pois é.
Uns bebem pra amenizar a tristeza e/ou esquecê-la. Outros acendem um cigarro pra diminuir a ansiedade. Tem aqueles que pagam por companhia pra suprir a saudade bem como tem quem arrume um alguém com um papo legal pra tentar superar um amor. Às vezes, o simples derruba o complicado. E tem quem diga que o complicado é até legal por um tempo.
Ele é aventureiro, diferente. Ele causa aquela sensação de adrenalina que nos faz sorrir de forma involuntária, que nos causa formigamento nas mãos, que deixa as pernas dormentes e entregues. Que nos faz viciar como se fosse algum tipo de droga ilícita.
Como toda droga, ele nos causa um bem psíquico gigantesco mas, ainda como toda droga, o efeito, uma hora, passa.
Ah, passa.
Dessa forma, nos vemos obrigados a buscar por concreticidade. Por certeza e solidez. E essa busca assemelha-se à reabilitação.
Você tem um vício dentro de si implorando pra sair. Um vício que vai te assolar sempre que mantiver qualquer tipo de contato com a causa dele. A proximidade será prejudicial; ter notícias será tóxico; ver ou ouvir falar vai te fazer torturar-se e chorar debaixo do chuveiro dia sim, dia não.

Então, me diz, o que fazer?
Fugir? Distanciar-se? Acabar com qualquer possibilidade de contato?

Não. Eu discordo.

A melhor maneira de lutar contra algo que te faz mal, é sentindo-o. É acostumando-se com essa agonia que ele te traz, que ele te faz passar. Ver e ouvir, firme. Aguentar a presença. Aguentar os impulsos. Aprender a lidar.

Vai doer? Vai.
Vai machucar? Vai.
Mas uma hora, vai passar.

Primeiro, acostuma-se.
Depois, não tratamos aquele incômodo como dor.
Por fim, ela deixa de incomodar.

É o ciclo da vida.
Tudo vem e vai. As pessoas vêm e vão. Você vem e vai.
Não somos capazes de ficar sempre presentes então não pensemos que os outros o são.

Uma hora, seu maço de cigarros vai acabar.
Uma hora, sua garrafa vai secar.
Uma hora, seu peito vai esvaziar assim como a fumaça que solta após uma tragada. Ela se vai deixando pra trás somente o suficiente para que você, lá na frente, lembre-se desse momento quando for subir uma escada. Ela se vai, mas vai deixar as marcas dentro do seu corpo.

E isso, por acaso, significa que não deveria ter fumado? Significa que nunca fez sentido?
Jamais.
Fez sentido. Muito. E vai continuar fazendo.
Foi bom, admita. Foi maravilhoso. Foi lindo.

Assim como a fumaça, humanos ficam dentro de nós pra sempre. Pode parecer que, ao expirar, eles tenham nos abandonado. No entanto, a verdade é que nunca estivemos tão enganados.
No futuro, lembraremos o quanto aquela sensação foi boa.

Mas foi.

Agora pare de sentir falta de quem não sente falta de você.



(#nowplaying Foster the People - Are you what you want to be?)

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