domingo, 18 de outubro de 2020

Dona Sandra, comprei uma TV no débito.

Se você achou que isso aqui era pra falar de conquista monetária e/ou material, peço que meta o pé.

Hoje comprei uma TV no débito.

Mas a minha TV no débito, na real, foi ser capaz de ensinar  valor da grana pro meu moleque. Foi ser capaz de deixar ele passar uma semana com o avô sem que eu ligasse de um em um minuto. 

Foi não falar de dinheiro por dois dias.

Minha TV no débito foi ser capaz de comparecer numas reuniões do trampo enquanto cozinhava e dava atenção pras aulas online do meu filho (coisa que muita mãe faz por aí). Foi jogar Banco Imobiliário com ele, ganhar, e não me sentir vitorioso porque o intuito era ensinar o valor da grana.

Minha TV no débito foi dar atenção pra aquela amiga no relacionamento abusivo que percebi. Pra aquele amigo com depressão que dei atenção. Pra aquela amiga que tá pra ser mãe que eu fui ver. Pra criança que serei tio que vi a barriga.

Minha TV no débito foi ver um moleque colar na minha porta pra chamar meu filho pra brincar. Foi ver o gato dar a barriga pra um carinho quando entrei no meu apartamento, sentindo minha falta. Foi trocar a torneira do banheiro que tava vazando.

Minha TV no débito foi acompanhar a live do parceiro músico que segue tentanto galgar seu espaço. Foi colar num ao vivo às 3 da manha só pra dar um salve. Foi postar um curso concluído no Linkdin. Foi falar pro meu chefe que "isso tá errado".

Minha TV no débito foi aconselhar a ex-namorada dizendo que era furada o relacionamento novo e encorajando um outro. Foi acreditar nas pessoas mesmo não conhecendo e, somente e unicamente, achando que elas a fariam um bem que eu não fui capaz de fazer.

Minha TV no débido é poder falar que nunca foi sobre grana, foi sobre pessoas.

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