sexta-feira, 22 de julho de 2016

Tempo.

Eis a maior muleta do ser humano. A maior desculpa.
Quantas vezes já deixamos de fazer algo simplesmente por alegarmos não ter tempo disponível para tal? Não ter espaço na agenda, na rotina. No calendário.
Somos tão complexos que até o excesso de tempo disponível nos irrita e acaba se tornando uma puta duma desculpa para, ainda assim, não fazer o que se quer. Aí vêm as desculpas secundárias: falta de companhia, preguiça, falta de motivação. A nossa mente cresce, cada vez mais, dentro de uma caixa de respostas automáticas onde o "eu posso" está diretamente relacionado ao "faço depois" e o tempo disponível é sempre pequeno demais. Nunca dá. Nunca é suficiente.
Tudo isso ocorre porque pensamos como "só" quando devíamos encarar como "ainda". 

AINDA temos vinte e quatro horas;
AINDA tenho vinte e sete anos;
AINDA vou fazer faculdade;
AINDA vou ser quem eu quero ser;
AINDA vou ir pra onde quiser ir. 

Porra, pode parecer aqueles discursos mela-cueca motivacional de "você pode tudo que quiser", mas mano, caralho, por que infernos é tão difícil tomar uma posição quando se precisa? Por que é mais fácil ficar em silêncio quando tem algo matando por dentro?
Me diz: até quando você vai pensar no bem estar do outro acima do seu? Até quando vai se torturar com sentimentos, palavras e atitudes em prol da tranquilidade de outra pessoa que, se for ver, nem te faz tão bem assim? Ela FEZ, migx. O tempo, nesse contexto, é verbal e você tá usando errado. 
Entendeu?
Passou da hora.

Hoje, pode ser que você esteja lendo isso com vinte anos, solteira, trabalhadora, independente, fazendo faculdade. Hoje, você pode ter consciência da sua liberdade. Mas é só isso que ce tem: consciência. O tal do "eu sei".
Sabe mas não vive.
De que adianta ser tudo isso quando, na real, ce tá vivendo como uma mulher de quarenta, dona de casa que sai, às vezes, pra trabalhar fora, se fode pra caralho, é mãe de três filhos que te exploram e casada com um marido que te bate?

Vai viver, humana. 

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